Decorre por estes dias em Glasgow a COP26, Conferência das Nações Unidas dedicada às alterações climáticas.
Felizmente, temos hoje uma valorização crescente deste problema pelos cidadãos que se organizam e mobilizam para influenciar os decisores políticos no sentido de promoverem as mudanças legais e regulamentares que são tão precisas.
E a Europa apresenta-se a esta conferência como a líder global em termos de políticas ambientais e climáticas, levando na bagagem a primeira lei do Clima, que define 2050 como prazo para a neutralidade climática. Do outro lado do Atlântico, os EUA apresentam o seu próprio Green Deal, mas que passa pouco de uma carta de (boas) intenções, sem um plano realista para os atingir, como é o caso europeu.
A Europa prepara-se para avançar com um mecanismo de penalização sobre os bens importados que mais emitam gases de efeito estufa. Esta alteração traduzir-se-á, a correr bem, num mercado mais justo entre empresas europeias sujeitas a várias restrições e regulamentações e empresas de outras geografias sem quaisquer preocupações ou limitações ambientais.
Mas se no início se temia que esta COP fosse um flop, principalmente tendo em consideração a ausência de líderes de países muito relevantes pelas suas enormes emissões (como a China ou a Rússia) ou pela importância das suas florestas (como o Brasil), parece que estamos a caminhar para um resultado mediano, ainda que longe do desejado.
Há, no entanto, que perceber também a posição manifestada por países em vias de desenvolvimento que aspiram a melhores condições de vida por parte dos seus cidadãos, em linha com os níveis de vida verificados nos países mais ricos. Também por isso, defendo a conjugação de soluções regulatórias que respeitem, sempre que possível, a economia social de mercado. Não temos e não devemos condenar ninguém à pobreza. Economia e Ambiente são compatíveis.
Tentarei, ao longo da próxima semana, em que estarei em representação do Parlamento Europeu nesta conferência, passar a mensagem de que a Europa, representando menos de 10% das emissões globais, não pode fazer tudo sozinha. Assim, tão importante como continuarmos empenhados neste esforço, é necessário que os grandes blocos que tanto poluem como a China, a Índia ou os EUA, se comprometam com reduções das emissões, sob pena do prejuízo económico e social ser cada vez mais grave. Os fenómenos climáticos continuarão a agravar-se, com custos para todos, independentemente da nossa nacionalidade, raça ou religião.
Infelizmente há uma enorme dificuldade de, na política, se responder a problemas de longo prazo, como resultado de nas eleições se discutir e valorizar quase sempre o curto prazo. Tudo isto concorre para que o futuro e as próximas gerações não tenham um lugar central no debate e, principalmente, na decisão política. Espero que consigamos trazer mais esperança e um futuro mais risonho da Escócia.
*Eurodeputada do PSD
