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A bolha mediática em crescendo vai-se tornando insuportável, no agudizar do comentário do que alguém comentou antes, na especulação infinita dos pressupostos do pensamento do decisor, do entendimento difuso do que o próprio disse, ou pretendeu dizer. Tudo isto numa disputa infernal entre canais, comentadores, analistas, especialistas e “novas espécies” derivadas desta parafernália infindável de “dependentes do comentário” político. Mas quase tudo com um ponto em comum: o poder, os seus jogos, o circuito territorial fechado dos mesmos e a visão comum desta gente, absolutamente convencida de que o mundo são eles próprios, os seus comentários e os destinatários dos mesmos. Como se o mundo se resumisse, sem mais, aos 100 km2 da capital, em cenas que fariam as delícias de Eça de Queirós na escrita de muitos e novos primos Basílio.
Mas o país é muito mais do que tudo isto, aliás sem esse país real, que trabalha e produz, esta bolha dificilmente existiria, porque não é incapaz de gerar energia própria. Recuando no tempo apetece dizer: deixem-nos trabalhar! E já agora em paz e diminuindo o peso da mochila do estado que todos carregamos e se está a tornar impossível de suportar.
O tema dos impostos ultrapassa os limites possíveis da demagogia. O Governo e os partidos que o suportam sempre afirmaram ser defensores de uma baixa objetiva e generalizada do IRS. É das medidas mais óbvias e justas para o futuro do país. E deve ser aplicada à generalidade dos escalões, porque a situação atual é insuportável. O que se tem assistido por parte da Oposição nesta matéria é demonstrativo da falta de interesse sobre o futuro: no fundo parece que o objetivo é ficarmos todos com um rendimento líquido nivelado por baixo, numa argumentação que choca. E a falta de coragem que continua a existir para terminar com a redução absurda de 5% no vencimento dos políticos, a vigorar desde do início da troika, mostra bem que não vale a pena termos grandes ilusões sobre o futuro próximo. Depois não percebem porque fogem os melhores.