Apesar de ter como elemento central a próxima final da Taça de Portugal promovida e organizada pela Federação Portuguesa de Futebol, esta crónica não é sobre futebol.
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Não quer saber quem vai ser o árbitro ou o VAR, quantos bilhetes ainda estão disponíveis e se os dois clubes, FC Porto e Sporting de Braga, apresentarão ou não as suas equipas na máxima força.
Sérgio Conceição e Artur Jorge também podem ficar descansados, que aqui nada se escreverá sobre eles, os seus comportamentos ou as suas opções táticas. Do mesmo modo, os dois presidentes, Pinto da Costa e António Salvador, igualmente não serão para aqui chamados, como se perceberá.
Mesmo sabendo que isso os poderá desiludir, os meus estimados leitores não vão poder ler nas linhas seguintes nenhuma declaração de nenhum jogador portista ou bracarense, a garantir que "o adversário é uma equipa de grande qualidade" mas que tudo farão para triunfar "naquela que é a grande festa do futebol nacional".
Escrito o que não vou escrever, vamos ao que interessa.
A final da Taça de Portugal vai disputar-se no Jamor, um estádio, pelos vistos helénico, que fica localizado no concelho de Oeiras. Neste jogo entrarão em campo duas equipas, uma do Porto e outra de Braga. No estádio estarão dezenas de milhares de adeptos dos dois clubes, que na sua esmagadora maioria se deslocarão da região Norte, naturalmente com especial incidência nos distritos de Braga e Porto. O mesmo se poderá dizer em relação a outros milhares que, por falta de bilhete, deverão "acampar" e piquenicar nas matas que rodeiam o estádio do Jamor.
Somadas as distâncias que separam Porto e Braga do município de Oeiras, facilmente chegamos a uma conta que rondará os 700 km. Outra conta mais difícil de fazer, mas que não é impossível de imaginar, seria multiplicar os 700 km pelo número de carros e camionetas com adeptos que percorrerão em média nas viagens de ida e volta. Quando começou esta tradição de fazer sempre no Estádio Nacional a festa da Taça, o país era outro, e eram outras (ou quase nenhumas) as preocupações ambientais. Em 2023, esta lengalenga cheira a mofo, mas cheira ainda mais a hipocrisia.
Da próxima vez que algum responsável do futebol português vier falar de sustentabilidade, vou enviar-lhe um relatório com a pegada de carbono desta final da Taça do próximo dia 4 de junho.
*Empresário