Atendendo à conveniência de preservar a boa paz familiar, tenho-me abstido de pronunciamentos sobre o chamado aquecimento global.
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Sim, eu sei (e já o escrevi) que o jornalista não deve subordinar a prosa aos seus interesses particulares. Mas o certo é que não pertenço às "tropas regulares", sou uma espécie de legionário sem lei. Com a omissão, evito ofender um querido Neto que milita garbosamente nesses apocalípticos dogmas que profetizam o fim prematuro do Planeta se acaso eu ligar os aquecedores durante muito tempo.
Acontece que perdi a paciência. Comigo a tiritar de frio, junta-se em Copenhaga, em grande estadão de mordomias (a começar no esplendoroso aquecimento do hotel), uma assembleia mundial de peritos luxuosamente tratados que decretam, se eu bem entendi, coisa nenhuma.
Parece que no último dia do areópago, já em transe de "sim ou sopas", o prematuro Nobel da Paz, de seu nome Barack Obama, apresentou um papel mais ou menos definitivo, como quem diz "isto ou nada".
Pelo visto, foi uma proposta insatisfatória, que não agradou, sequer, ao nosso patriarca Mário Soares, ele próprio já em rota de afastamento do seu ídolo recente. Não será, ainda, a ressurreição de Bush (essa só chegará, presumo, com os desenvolvimentos no Iémen), mas vem a caminho: dólar é dólar e quem os tem é que manda.
Só para fechar a lamúria, confesso que fiquei de "candeias às avessas" com os meninos do aquecimento global. Vejam lá: por causa de um grauzito a mais fazem um escarcéu dos demónios!
E a Natureza vinga-se. Puxa precisamente da célebre proclamação do nosso patriarca e exerce o seu direito à indignação: vai daí, pespega-nos com uma invernia de alto lá com ela. É bem feito!