Neste período de pós-crise financeira - e como foi, até, reconhecido no documento base sobre a Estratégia 2020 - a UE defronta um difícil dilema: ou enfrenta, unida, o desafio imediato do relançamento e os desafios a longo prazo da globalização e do envelhecimento da sua população ou, de forma descoordenada, prossegue as reformas a um ritmo lento, arriscando-se a um crescimento económico exíguo e a níveis elevados de desemprego.
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De facto, para fazer face às consequências da forte crise financeira que abalou o Mundo - e pressionados por Bruxelas, que procura estabilizar financeiramente o espaço europeu, onde os défices orçamentais e as dívidas públicas da totalidade dos países da Zona Euro e da UE aumentaram em 2009: na Zona Euro aumentaram de 2% do PIB, em 2008, para 6,3%, em 2009, e na UE, de 2,3% para 6,8% - os países da UE vêm-se forçados a reexaminar os seus planos de combate à crise e de apoio ao emprego, implementando agora planos de austeridade.
Desde a Grécia (com um défice de 13,6 % do PIB, e uma taxa de desemprego superior a 12%), passando pela Irlanda (em recessão desde 2008, com um défice de 14,3% do PIB e uma taxa de desemprego superior a 13%) até à Espanha (com um défice de 11,2% do PIB e uma taxa de desemprego superior aos 20%), os governos europeus vão, um a um, anunciando novas medidas de austeridade que, genericamente, passam pela contenção da despesa pública (afectando as contratações e remunerações na Função Pública e os pensionistas, quer pelo aumento da idade de reforma quer pela diminuição do valor das reformas) e pelo aumento dos impostos (em particular do IVA).
E Portugal que - após uma evolução muito positiva de 6,1% do PIB, em 2005, para 3,9%, em 2006, e 2,6% em 2007 - registou um défice de 9,4% do PIB em 2009, enfrenta também hoje idênticos problemas e desafios.
Ora é neste contexto que parece prioritário considerar que, a par da necessidade de estabilidade financeira, urge reforçar a ideia de um compromisso com um crescimento inclusivo, capaz de promover emprego e coesão social e de permitir que todos os europeus possam viver dignamente e participar activamente na sociedade.