Corpo do artigo
A época política terminou com o debate do “Estado da Nação”, assumindo nesta crónica que o debate no Parlamento foi mais sobre o estado do que sobre o Estado, jogando o trocadilho entre a situação em que a Nação se encontra e a situação do Estado que integra a Nação Portuguesa.
No que respeita ao estado, à situação do país, a análise com base no radicalismo entre as posições de muito bom e de muito mau, foram apenas mais um episódio da telenovela política nacional em que se entretêm regularmente o Governo e o Parlamento.
No que respeita ao Estado, esse é cada vez mais um problema para a Nação e urgem medidas para lhe retirar práticas e vícios que o tornam cada vez mais caro, lento e burocratizado.
É urgente reduzir a pesada carga fiscal, que retira rendimento às famílias e capacidade de investimento às empresas, ao mesmo tempo que aumenta a fuga de muitos para a economia informal, que aumenta o número de cidadãos que dependem de quem governa o Estado, sendo esta uma opção política que empobrece as pessoas, o país e a democracia, por mais que seja um deleite para o discurso da Esquerda e um pilar da sua estratégia de manutenção no poder.
É urgente que o debate do estado da Nação saia da espuma dos dias, dos assuntos que não interessam verdadeiramente à vida das pessoas e das empresas, e que criam enredos permanentes de entretenimento que distrai da realidade, como uma verdadeira telenovela.
É urgente que o debate do estado na Nação enfatize a situação do Estado, se centre no combate à elevada carga fiscal, à burocracia gastadora de energia, de tempo e de paciência, escondida na modernidade da Internet ou das plataformas eletrónicas, mas bem viva no licenciamento ambiental, na contratação pública, na lentidão da Justiça, nos baralhados mecanismos de liderança das operações de proteção civil, entre muitas outras patologias do Estado.
Essas patologias também têm um impacto negativo na saúde da democracia porque geram afastamento de uns e radicalização de outros, numa situação em que o único exercício corretivo possível, é ser Oposição e ser Governo, ao centro do espetro político, com coragem, com as reformas que se exigem, com os acordos de Estado que são necessários para tratar patologias maiores, para alterar a Constituição e as leis eleitorais que tornem a Assembleia da República uma casa da democracia em que os deputados representem mesmo os cidadãos porque estes os conhecem e os elegem diretamente em círculos uninominais.
É importante que o Conselho de Estado acabe e aconselhe os gestores do Estado a seguirem nesse caminho, sem interrupções, seguindo diretamente para o aproveitamento dos recursos e do tempo que temos a oportunidade de ter em mãos.
Agora é tempo de “ir a banhos”, de revigorar energias, de voltar com a “carga toda” para ajudar Portugal a ser mais e melhor, investindo muito mais nos portugueses. Boas Férias.
*Presidente da Câmara de Aveiro