Na semana em que se debate o estado da nação, mais do que a retórica política, importa olhar para o estado das principais áreas da governação para que possa ser feito uma balanço. Tenhamos em consideração três áreas críticas: educação, saúde e habitação.
A educação teve mais um ano letivo marcado pela instabilidade, que já não pode ser justificada pela pandemia. O ano letivo começou com milhares de alunos sem professores em algumas disciplinas e, nalguns casos, assim se mantiveram até ao final do ano. Em resposta a mais um ano com muitas perturbações, greves e manifestações, decidiu - depois de recomendado pelo Parlamento - o Ministério da Educação prolongar o Plano de Recuperação de Aprendizagens. Mas, lamentavelmente, como não há financiamento europeu para o custear, esta recuperação não contará com um reforço de professores para a levar a cabo. Esta opção compromete, naturalmente, a recuperação das aprendizagens que se pretendia.
Já no que diz respeito à saúde, não há semana em que a agenda mediática não seja ocupada com relatos de perturbações em unidades de saúde do Norte ao Sul do país. Filas de espera que se iniciam às quatro horas da madrugada para o acesso a consultas nos centros de saúde, mais de um milhão e meio de pessoas sem médicos de família e um Serviço Nacional de Saúde a funcionar em modo pirilampo - ora fecha aqui ora abre acolá. As urgências de obstetrícia e ginecologia são um exemplo paradigmático disso mesmo, com todas as implicações que isso traz para milhares de mulheres numa altura crítica das suas vidas.
E olhando para o problema da habitação, a realidade não é melhor. Com o preço das casas e dos juros a subir de forma galopante, com um mercado de arrendamento que poucas respostas dá, o Governo avançou com um pacote de medidas que, vários meses depois de apresentadas, foram aprovadas recentemente no Parlamento. Algumas já nada têm a ver com a proposta inicial e o efeito que provocaram no mercado foi o da subida dos preços das casas, a retirada de milhares de habitações do mercado de arrendamento e - pelo meio - afugentou investidores. Ou seja, provocou o efeito contrário ao pretendido. É, aliás, esse um dos resultados de políticas públicas mal desenhadas.
Um ano volvido, não há uma reforma de fundo sequer para criticar, porque em mais um ano de governação não há nada a assinalar. É a gestão corrente da espuma dos dias. Para trás, ficaram por resolver os problemas das pessoas nas mais diversas áreas da governação.
