Muito provavelmente, por esta altura, o leitor já terá alterado uma ou mais passwords depois de várias instituições portuguesas terem sido alvo de ciberataques. Será suficiente para estar mais protegido? Depende. Depende mais da forma do que do conteúdo.
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Algumas instituições internacionais recomendam que apenas se altere uma password se esta for comprometida. A razão é simples de explicar. Quando alteramos uma palavra-passe geralmente optamos por padrões previsíveis. Acrescentamos ou alteramos, por exemplo, uma letra ou um número. Em conclusão, não é a alteração de uma password que vai impedir um hacker de a descobrir.
Mas do que adianta este conselho básico quando estamos debaixo de ciberataques sofisticados e desconfiamos que alguns possam ser coordenados por estados estrangeiros? Pouco, de facto, mesmo que a palavra-passe seja um componente vital da segurança em qualquer sistema informático.
O que adianta é informar, esclarecer, alertar e proteger a população. Toda a população. Promover mais debates e políticas sérias de literacia digital. Chegar ao cidadão comum. Explicar que quando publicamos algo na rede há uma implicação digital desse ato. E certificar as empresas com selos de cibersegurança. Sim, inevitavelmente, iremos chegar lá, fruto desta nossa imersão no mundo digital.
Obviamente, encarar também a ciberdiplomacia como uma inevitabilidade. Cooperar, prever, dissuadir, influenciar. Sem fronteiras, porque no digital não há fronteiras. Há caminho feito na UE, que tem mais de uma mão-cheia de instituições dedicadas à cibersegurança. Há caminho feito nos EUA.
Mas há um longo caminho por percorrer até que segurança física e cibersegurança não sejam uma e outra coisa. Até que uma sociedade cibersegura seja tão importante como uma sociedade segura.
A guerra há muito que está iminente e não se trava num descampado. Entra-nos pelos cabos da nossa casa. Quanto tempo mais demoraremos a artilhar a nossa trincheira?
Diretor-adjunto