Corpo do artigo
Quando nos anos 90 frequentava a escola EB 2,3 Frei João, em Vila do Conde, sentia um terror quando me aproximava das salas de Educação Visual e Tecnológica. A perspetiva de ter de pintar, desenhar ou construir algo com as mãos punha-me a suar pela minha falta de jeito e deixou uma marca tão grande que ainda hoje me lembro da dupla de professores: Rosa e Gaudêncio. Mais tarde, um outro professor não aguentou o meu "talento" e desabafou: "és mesmo artista. Não planeias o desenho, não fazes rascunho, vais logo às cores finais. Que maravilha". Olhando, hoje em dia, para a qualidade de uma certa estatuária que por aí anda, tenho sentimentos mistos: por um lado, sinto-me vingado, por os inaptos para as artes estarem a singrar, por outro, lamento ter passado ao lado de uma grande carreira a enfeitar rotundas pelo país fora.
*Jornalista