Este país não é para novos, vamos mudar isso?
Quando misturamos licenças de maternidade, horários de amamentação e licenças parentais no mesmo bolo, estaremos a seguir a receita ideal?
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Enquanto os nossos governantes acusam a amamentação de baixar a produtividade laboral, as nossas metas continuam a ficar aquém dos objetivos da Organização Mundial de Saúde: estas baixas taxas, distantes dos objetivos a serem cumpridos no aleitamento materno, deveriam servir de motivo para apoio e não acusação, até porque estamos a falar de saúde pública.
Ao mesmo tempo, se excluirmos a amamentação e aleitamento materno desta equação podemos, de certa forma, pensar todos, em conjunto, para o bem das famílias e das entidades empregadoras. Não somos seres exclusivamente individuais, mas sim sociais, e devemos esforçar-nos para agir como tal: equilíbrio no bem comum, saúde no seu panorama geral; afinal não deve ser esse o objetivo de todos nós?
Hoje, todos queremos saúde, eficiência e bem-estar, proteção, na família e nos restantes projectos e objetivos de vida. Vivemos numa época em que tudo é exigido, de forma rápida, tanto das mães como dos pais, dos avós ou de quem cuida. O nosso país está sedento de apoios às crianças, amamentadas ou não, que tanto precisam da família por perto, disponível e livre de culpas.
Estamos a discutir semântica e nomenclatura enquanto devíamos olhar para os nossos pares europeus e seguir os bons exemplos nas licenças parentais, separando-as das pausas de amamentação (pausas essas que podem ser para amamentar ou para extração leite materno), licenças estas que podem ir até aos 8 anos de cada criança, com redução de horário de 25%, a um dos progenitores, pagos pela segurança social, como é o caso da Suécia, o modelo mais conhecido e copiado pela europa fora nos últimos anos (sendo Portugal uma excepção).
Esta discussão dá-nos uma excelente oportunidade de reflexão: queremos alinhar a nossa política laboral de apoio à primeira infância com evidência científica e comparações internacionais, ou vamos legislar por perceção e pressão mediática?
Há que separar os leites: um sistema com dados, neutralidade e partilha de responsabilidades pode beneficiar famílias, crianças e empresas. Tudo isto, idealmente, sem levar a amamentação para os campos de batalha ideológica.
Este país não é para novos, vamos mudar isso?