<p>Os portugueses vivem cada vez mais. Mais… e pior. A partir de certa idade, os nossos idosos, sem condições de dignidade, sobrevivem apenas. O aumento da esperança média de vida para os 79 anos deve-se à melhoria dos níveis gerais de salubridade e é uma das maiores conquistas da revolução de Abril. Infelizmente, a sociedade não se preparou para as consequências que daqui decorrem e os problemas sentem-nos hoje, amargamente, os idosos.</p>
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Com a idade chega, para muitos, a solidão. Na província desertificada, mas também nos centros urbanos, onde o problema é até mais grave, com os idosos a viverem abandonados, sitiados nas suas próprias casas, ora em centros históricos degradados, ora nesses guetos a que chamam bairros sociais. E mesmo nas classes médias desapareceu o conceito de família alargada, realidade hoje rara, que permitia outrora que os filhos apoiassem os pais, enquanto estes acompanhavam os netos.
Mas a saúde, ou falta dela, é o aspecto mais dramático do envelhecimento da população. O apoio médico é escasso, os medicamentos caros. Particularmente aflitiva é a situação dos afectados pelas patologias degenerativas. Só a doença de Alzheimer atinge hoje 100 mil portugueses e respectivas famílias. Não havendo condições para manter os idosos em casa, os familiares internam-nos em instituições que, apesar de desenvolverem um trabalho meritório e abnegado… também não dispõem de condições. Os lares e centros de dia recebem, nas mesmas instalações, idosos capacitados, ao lado de outros que padecem de Alzheimer. Os dirigentes das instituições não descobrem soluções para esta coexistência, os funcionários não dispõem de respostas técnicas. Os utentes e respectivas famílias desesperam.
O panorama só tende a piorar. Já não há garantias de que as reformas cheguem para todos, pois são cada vez menos os que trabalham e têm de sustentar um número crescente de aposentados. Doravante, a solução para quem não é rico ou não emigrou em novo… é não chegar a velho.