Ainda nos lembramos de Pedrógão? Sim. Ainda nos lembramos. Morreram 66 pessoas. 253 ficaram feridas. Mais de 250 casas foram atingidas pela tragédia. É difícil esquecer. Mas, anteontem, a memória ficou ainda mais viva, quando o repórter da TSF Rui Tukayana foi apanhado de surpresa pelas chamas enquanto circulava na A1.
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"Espero que ninguém pare", disse quando circulava na via com chamas nas bermas e fumo negro a bloquear a visibilidade. E se alguém parava? Felizmente, ninguém interrompeu a marcha.
O comandante da Proteção Civil André Fernandes explica. Diz que "há sempre um tempo de resposta desde que é dada a indicação à GNR para fazer o corte, e quer a GNR quer a Brisa, que é a concessionária da autoestrada, fizeram o corte no tempo que é normal para estas situações". A dúvida ficará entre todos aqueles que viram as imagens. Parece evidente que a A1 já deveria ter sido cortada ao trânsito.
São estes cenários de horror que estamos a ver e a viver diariamente, ano após ano. Que resultam de uma má gestão da floresta, de falta de meios, da falta de recursos humanos, da falta de limpeza de terrenos e até da burocracia para identificar propriedades. Um país que em menos de 42 horas corta três autoestradas (A1, A25, A28) e uma série de itinerários complementares não é um país seguro.
E as alterações climáticas não explicam tudo. Se são as próprias autoridades a afirmar que a maioria dos incêndios é de origem criminosa ou resulta de negligência, compete-lhes minimizar os problemas e não fazer cair a toda a hora a responsabilidade em cada um de nós.
Tem razão o primeiro-ministro quando diz que "as respostas não são mais meios, mas mais cuidado". Mas sobretudo mais cuidado com a segurança que o Estado tem de garantir a todos os seus cidadãos.
*Diretor-adjunto