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O impacto da inteligência artificial (IA) no mundo do trabalho é uma das grandes preocupações da atualidade. Questionado sobre o número de postos de trabalho destruídos pela IA, o ChatGPT devolve que "a resposta curta é: milhões de empregos serão transformados ou substituídos pela IA, mas o número exato depende de muitos fatores - tecnologia, política, educação e regulação". Vaga, imprecisa, incompleta.
Um estudo ontem divulgado, do centro de investigação da Microsoft, conclui o que já se temia: embora o impacto seja transversal a todas as áreas, são as profissões com maior grau de instrução e as que mais dependem da recolha e tratamento de informação as mais vulneráveis aos avanços da IA generativa. Os intérpretes e tradutores são os mais afetados. Mas não só. Escritores e autores, jornalistas, editores, analistas de dados, programadores, especialistas em relações-públicas ou matemáticos estão também fortemente ameaçados. No sentido oposto, as atividades que exigem trabalho manual e intervenção física direta são aquelas em que a IA tem menor penetração, pelo que as tarefas ligadas à construção, saúde ou agricultura serão menos sacrificadas pelo cutelo tecnológico.
O Fórum Económico Mundial estimou, no início do ano, a destruição de 92 milhões de empregos (8% do total) e o desaparecimento de dezenas de profissões até 2030. Dados recentes revelam que, só num mês (julho passado), a crescente adoção de IA foi responsável pelo corte de dez mil empregos nos EUA, com maior impacto entre os mais jovens. Os trabalhadores mais inexperientes são, aliás, a franja mais vulnerável, com uma redução na ordem dos 15% das ofertas de trabalho para recém-formados por via direta da sua substituição por ferramentas de IA.
Entre o discurso da ameaça e da oportunidade, só há uma certeza - saber lidar com a IA é uma competência crítica. Seja porque é requisito cada vez mais valorizado pelos empregadores. Seja para manter alguma sanidade a meio do tsunami de informação irrelevante que a toda a hora nos invade.