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É lugar comum dizer que o “mundo é um lugar estranho”. Um aforismo com o qual é impossível discordar, ainda para mais nos tempos que correm. É estranho porque o alegado farol da democracia ocidental se afunda aos olhos de todos, em direção a um regime ditatorial, em que o pensamento e a liberdade de opinião são penalizados criminalmente.
E até aqueles que sorridentes posaram para fotos a 20 de janeiro agora se calam para não voltarem a ser associados à desgraça democrática do outro lado do Atlântico. É estranho também porque há muitos a aplaudir um suposto plano de paz para a Ucrânia que se parece mais com uma capitulação à vontade do Kremlin.
Desconfio que nem nos sonhos mais delirantes Putin pensou que isto pudesse acontecer. É estranho porque há um genocídio a ocorrer na Palestina, com bombas a cair, eletricidade cortada e camiões parados na fronteira carregados de ajuda humanitária impedidos por Israel de a atravessar. E os corpos continuam a amontoar-se.
“Eles só queriam dançar”, diz-se por aí para lembrar as vítimas do terrível ataque do Hamas há cerca de ano e meio. E é uma frase totalmente verdadeira sobre um crime hediondo. Lamento é ver poucos que completem a ideia, com o sofrimento do outro lado: “eles só queriam ter direito a viver”.