Nunca houve dúvidas, os anos pares sempre foram os meus preferidos. Foi nesses eternos verões de Mundiais e Europeus que se amarrou a mim muita da paixão por este jogo, num tempo sem internet nem boxes gravadoras e onde eram os dribles de Maradona e os golos impossíveis de Van Basten que definiam as nossas vidas.
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Eternas são as memórias desses meses onde os amores da estação se conciliavam com o entusiasmo à volta da improvável Dinamarca, os mergulhos suspendiam-se para conhecer Roger Milla e os seus Leões Indomáveis, os dias já longos mergulhavam pela madrugada do inesquecível mundial americano ou uma noite de São João arruinada pelo impossível chapéu de um checo chamado Karel.
Para quem, como eu, cresceu a raramente conseguir torcer por Portugal nestes torneios era quase inverosímil crer que em 2021 o nosso País se apresentaria como a quarta seleção com mais vitórias em fases finais de Europeus à frente de países como a Itália, Inglaterra ou Holanda. E ainda mais importante, como candidato assumido à vitória final!
O Euro 2020 (+1) será a primeira exceção neste ciclo de paridades que nos acompanha desde que nos conhecemos. Algo que poderá ser colocado em causa com propostas absurdas como a ideia de realizar o Mundial de dois em dois anos. Da mesma estirpe que a Superliga Europeia este é mais um daqueles projetos de Excel construídos por quem não tem noção do que são os alicerces deste desporto. Para quê esperar quatro anos por um Brasil-Itália se o posso ter de dois em dois? Por isso mesmo, pela espera. Porque a vida não é o verão. É contar os dias para ele chegar. Principalmente se for um ano par.
A subir: Incontornável falar da sorte de milhares de adeptos de futebol que vão poder estar nos estádios do Campeonato da Europa. Esperamos que cheguem a 11 de julho a ver a Seleção Nacional na final da prova. E a ganhá-la. Boa sorte!
A descer: A nossa passagem em vida será avaliada pelo impacto que deixamos nos outros. A comoção unânime com a morte de um ser humano como o Neno é demonstrativo do legado que o mesmo deixou. Até sempre.
Diretor-executivo da Liga Portugal