<p>Seja nos EUA seja na União Europeia (UE), o propósito de criar emprego revela-se cada vez mais problemático, mesmo em momento estival. Por exemplo, em finais de Junho último, a divulgação da notícia de que nos EUA o sector privado - com um mercado de trabalho, e respectiva legislação, extremamente flexível - criou uns surpreendentes exíguos treze mil empregos representa um mau augúrio para a evolução do emprego norte-americano. De facto, com uma diminuição em Junho de 77% em relação à criação líquida de emprego registada em Maio, a verdade é que, nos EUA, o aumento médio mensal de emprego nos primeiros meses deste ano tem sido medíocre - com as pequenas empresas a destruir mais empregos do que a criar - o que testemunha (considerando a sazonalidade estival) uma evidente deterioração do mercado de trabalho.</p>
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Paralelamente, também na UE, o problema da criação de emprego e do desemprego se coloca com acuidade. Os dados do Eurostat sobre a taxa de desemprego harmonizada (corrigida de variações sazonais) relativos a Junho último mostram que, embora esta tenha estabilizado na Zona Euro (10%) e na UE27 (9,6%) - ao contrário do que aconteceu em Portugal que registou uma diminuição para os 10,8% - em diversos países, como, por exemplo, em Espanha, na Irlanda ou em França, a taxa de desemprego não cessa de aumentar, tendo atingido, respectivamente, os 20%, os 13,3% e os 10%. E se o aumento do desemprego reside, em grande parte, na crise financeira global que atingiu o Mundo em 2009 (recorde-se, por exemplo, que em Junho de 2008 a taxa de desemprego era de 7,3% na Zona Euro e de 6,8% na UE27), a verdade é que resulta também de um movimento de destruição de emprego gerado pelas deslocalizações, em particular no sector industrial, e iniciado há mais de uma década, fruto do "dumping social" imposto pelos países emergentes.
Ora, esta situação impõe que, por toda a Europa, se pense hoje na criação de emprego equacionando políticas sectoriais capazes de, simultaneamente, proporcionar crescimento económico e relançar a criação de emprego em sectores económicos produtivos como são, por exemplo, o sector industrial e o sector agrícola.