A despedida precoce de Conan Osiris do Eurofestival é um bom exemplo de como Portugal é um país sem estratégia.
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O músico e o bailarino que representaram o nosso país em Israel estão isentos de culpa na vergonha de ficar atrás de San Marino e da Austrália, uma ilha gigante que, qual ibérica jangada de pedra, navegou oceanos para se colar à Europa e participar no certame, provocando o caos no mundo da cartografia. Voltando ao tema desta crónica, o Festival, enquanto espaço de afirmação da identidade lusitana, merecia outra atenção dos donos da pátria, mas políticos continuam alheados dos temas verdadeiramente importantes. Entendo que o bom desempenho neste evento devia ser um desígnio nacional. E como era fácil apurar o nosso terror dos telemóveis para a final. Bastava o Governo ter assegurado que cada imigrante, para conseguir um visto de residência em Portugal, se sujeitaria a arranjar conterrâneos que votassem na canção do Osiris, visto os regulamentos impedirem os nativos de o fazer. Dirá o leitor que seria difícil de confirmar, mas não. No ano seguinte, se quisessem renovar o visto, teriam de apresentar fatura detalhada a atestar as chamadas para o número do Conan. Tudo simples, se houvesse uma estratégia, claro está. Assim, estamos condenados a voltar ao humilhante "le Portugal, deux points", do tempo da outra senhora.
*JORNALISTA