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Numa conjuntura em que estas eleições se mostram absolutamente decisivas para o futuro da Europa e de Portugal, os portugueses serão chamados no próximo dia 7 de Junho a pronunciar-se sobre a composição do Parlamento Europeu.
Sem grande surpresa, a campanha que se iniciou nos 27 estados da União tem-se centrado mais em torno da crise e da respectivas respostas de cada governo à mesma, do que propriamente sobre os desafios actuais da Europa e o papel do Parlamento. De facto, os cerca de 375 milhões de eleitores - naturalmente apreensivos face ao impacto da crise económica sobre o seu ambiente económico próximo - parecem hesitar entre o voto sanção e a abstenção.
Veja-se - como aqui referi em artigo de 18 de Abril último - as estimativas do Eurobarómetro para a taxa de abstenção nestas eleições. Além de confirmarem a tendência para uma abstenção massiva neste sufrágio, estes dados evidenciam um paradoxal sentimento de indiferença dos eleitores face a estas europeias.
Paradoxal, na medida em que, muito embora o propósito deste escrutínio possa parecer simples - a escolha de 736 eurodeputados - a influência que os resultados deste terão no curso das políticas europeias e das políticas nacionais será, doravante, fundamental para cada estado-membro.
Ora - sabendo-se que muitos europeus sofrem, actualmente, as consequências de um "dumping social" global e assistem a uma torrente de deslocalizações e encerramentos de empresas - ninguém pode ficar indiferente à importância deste acto eleitoral, sentindo que é urgente pugnar por mais Europa.
Mais Europa social e económica, isto é, mais emprego e maior crescimento económico. Uma Europa mais próxima das preocupações quotidianas dos cidadãos e capaz - através da acção política das instituições europeias - de responder às expectativas e aos interesses dos europeus.
Em todo o sistema que se quer democrático, a acção dos representantes políticos deve responder, pelo menos em parte, às expectativas dos eleitores, pois é deste julgamento que resulta a qualidade da acção política e depende a legitimidade do sistema.
Nesta medida, o futuro dos portugueses - enquanto europeus - passa por uma renovada cidadania, mais exigente e mais activa em prol da construção europeia. Cabe-nos a todos nós, europeus, pugnar pela defesa de uma nova Europa social, uma União Europeia que faça o que é necessário para manter e criar emprego e enfrentar a crise económica de uma forma firme e resolutiva.