Não ouvi ainda o discurso da presidente da Comissão nem sei muito bem qual o conteúdo da palavra Reformas que compõe a pasta de Elisa Ferreira. Mas sei que o ter ficado responsável pela política de coesão é uma excelente notícia e uma grande oportunidade para Portugal.
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Grande parte do nosso investimento público está dependente do montante de verbas atribuídas ao abrigo desta política comunitária e uma grande parte do progresso visível do nosso território se deve à sua respetiva aplicação.
No entanto, o crescimento marginal destes resultados tem vindo a desacelerar por responsabilidade partilhada, a meu ver, de um certo desgaste nacional no tratamento deste tema e de um vivaz endurecimento kafkiano dos ditames regulatórios dos serviços da DG Regio.
Os diagnósticos plurianuais são repetitivos, confusos e sobrepostos. A sua análise pelos serviços europeus burocrata e pouco conhecedora da realidade.
Os programas que daí resultam são igualmente repetitivos, confusos e sobrepostos.
A sua aplicação no terreno, sobretudo no pano regional, tem vindo a ser manietada pela perda de graus de liberdade daqueles (autarcas, rede institucional e CCDR) que melhor o conhecem, por contrapartida de uma atuação tipificada, administrativa e equalitária por parte das agências intermédias nacionais com o natural respaldo, se não estímulo, da respetiva direção-geral europeia.
Alterar este estado de coisas, com uma linguagem simples e direta, um ouvido muito atento ao que dizem aqueles que conhecem o seu território e uma mão-cheia de grandes metas a pedir um conjunto de projetos que se percebam é aquilo, julgo, que seria realmente estimulante que viesse a acontecer.
Elisa Ferreira já o fez no passado, a nível nacional, e está seguramente muito bem preparada para o repetir a nível europeu.
De caminho, um modelo de governação que ensaiasse as virtudes de uma regionalização e um enfoque nos resultados que garantissem uma hipótese de repovoamento.
Boa sorte, Elisa. Parabéns, Portugal!
*Analista financeira