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Esta foi uma semana importante para a clarificação do que está a acontecer no futebol português. Por um lado, André Villas-Boas terminou o seu período aristocrático e quer agora ressuscitar o espírito guerrilheiro de Pinto da Costa. Por outro, ficámos a saber que o F. C. Porto não deseja a vitória de Rui Costa nas eleições do próximo sábado. Começo por aí e a leitura é óbvia e não me merece qualquer dúvida metódica - só tendo esse objetivo se pode explicar a razão para Villas-Boas ter dito, a dois dias dos votos, que o presidente do Sporting tem o Benfica no bolso. Podia tê-lo proclamado antes ou na próxima semana, mas não. A escolha do timing foi tudo menos inocente, o F. C. Porto quer inclinar as eleições no sentido da vitória de Noronha Lopes por uma razão simples: é que Mourinho sairá pelo seu próprio pé se Rui Costa não vencer. O anúncio de Noronha de que não conta com o diretor-geral e homem de confiança de Mourinho terá como consequência o mais que previsível virar de costas do Special One ao Estádio da Luz. Quanto ao regresso da guerrilha, é uma mera constatação. Villas-Boas terá concluído que isto não vai lá com salamaleques e drinks de fim de tarde nas arribas da Foz. O Porto voltará a ser incómodo e agressivo para os seus rivais, a decisão parece estar tomada e a ideia é que seja a doer. Não haverá contemplações entre Porto, Benfica e Sporting. Uma guerra que ninguém poderá perder e onde valerá tudo menos tirar olhos. É nesse cenário que Mourinho é uma peça a mais na cabeça estratégica de Villas-Boas.

