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O território é, necessariamente, o centro das preocupações dos responsáveis de uma Comissão de Coordenação Regional. No caso do Norte de Portugal, NUT II Norte segundo as normas europeias, sabemos que apesar de todos os esforços das últimas décadas, nomeadamente pela aplicação de montantes elevados de fundos estruturais e da melhoria evidente de um ponto de vista absoluto, com evidência para a componente de infraestruturas, o nível de riqueza médio avaliado pelo PIB per capita continua a apresentar valores dececionantes, sendo a mais pobre das regiões portuguesas com 64% do valor médio da UE segundo os últimos dados do Eurostat.
Se os valores agora referidos são já preocupantes, que dizer então da NUT III Tâmega e Sousa, onde temos como referência níveis de riqueza 35% inferiores à média da região? Com uma proximidade física territorial à Área Metropolitana do Porto na sua matriz mais urbana e industrial, ou ao Douro, serras da Aboboreira e Gralheira na sua vertente mais rural, temos uma população de cerca de meio milhão de pessoas com valores médios de rendimento que não são aceitáveis numa sociedade moderna que se quer de partilha de valores económicos e sociais.
Perante a persistência destes factos, que fazer então? Em primeiro lugar, aceitar o desafio da competitividade como o objetivo central da política do território, com a consciência de que a forma como se conduz a sua aplicação terá que ser necessariamente diferente face a realidades distintas. E percebendo que a densidade industrial de Felgueiras, Paços de Ferreira, Lousada, Penafiel e parte de Amarante é diferente do potencial endógeno de Celorico de Basto, Marco de Canaveses, Castelo de Paiva, Baião, Cinfães e Resende. Mas que o objetivo é comum e é por ele que todos temos de trabalhar, de forma coordenada e em união de esforços.
O facto de, pela primeira vez na sua história, o Banco Europeu de Investimento, através do instituto BEI, aceitar o desafio de lançar um projeto-piloto num território específico - garantindo que qualquer que seja a dimensão de um projeto, se o mesmo tiver qualidade e potencial, teremos forma de o financiar - constituiu uma oportunidade única a não desperdiçar.
O desafio de inverter a tendência de perda deste território será sempre uma tarefa árdua e difícil. Mas também tanto mais fácil quanto mais unidos estivermos nesse desafio coletivo.