Os bispos devem falar claro, e de forma que as pessoas os entendam, como faz o Papa Francisco. No episcopado há alguns que são exemplares, como é o caso do cardeal Jean-Claude Hollerich, arcebispo do Luxemburgo. Numa entrevista ao suplemento "Igreja Viva", do "Diário do Minho", abordou com frontalidade e simplicidade temas como a sinodalidade ou os abusos sexuais.
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A sexualidade, para além de um assunto tabu, sempre foi um tema que os clérigos revelam alguma dificuldade a abordar sem se refugiarem em frases feitas, envoltas num piedoso "catoliquês". Já o cardeal Hollerich propõe com clareza que se adote, na Igreja, "uma atitude muito positiva em relação à sexualidade". Para que as pessoas possam falar abertamente sobre essas questões sem se sentirem recriminadas e encontrarem na Igreja quem as acolha e ajude nas suas dificuldades.
Este assunto deve ser abordado nos seminários "para ajudar o padre a viver o celibato alegremente". Entre os sacerdotes deve desenvolver-se um ambiente que permita que um padre, quando "tem problemas com a sua sexualidade, deve ser capaz de falar com alguém sobre isso, e não ser condenado, mas aceite como pessoa", disse o cardeal luxemburguês.
Jean-Claude Hollerich tem 63 anos e é jesuíta. Para além de serem oriundos da mesma família religiosa, há nele uma profunda sintonia com o Papa. De tal forma que este o escolheu para relator geral do Sínodo, com a responsabilidade de acompanhar a elaboração da síntese dos contributos chegados de todo o Mundo e o relatório final do Sínodo dos Bispos, em 2023.
Com esta experiência o cardeal Hollerich ficará preparado como ninguém para ajudar o Papa a promover a sinodalidade. Com ele e, provavelmente, após ele, continuará a falar claro e com desassombro de questões que tanto constrangem os clérigos, como as sexuais.
*Padre