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O primeiro-ministro afirmou que não foi por falta de dinheiro que os hospitais evidenciaram, num ou noutro caso, menos recursos médicos do que aqueles que eram necessários. Tal afirmação é contrária à verdade. É fácil demonstrar.
Na Saúde, como se sabe, faltou dinheiro em todos os setores! Veja-se:
- Faltou dinheiro para contratar milhares de enfermeiros, assistentes operacionais e técnicos, nutricionistas, psicólogos, etc.
- Faltou dinheiro para impedir as faltas de material clínico e medicamentos em hospitais e centros de saúde e para manter atualizado o parque tecnológico da Saúde.
- Faltou dinheiro para evitar o encerramento de centenas de camas de doentes agudos, obrigando ao indigno e desumano internamento em macas.
- Faltou dinheiro para abrir mais camas de Cuidados Continuados e impedir a permanência de casos sociais internados nos hospitais.
- Faltou dinheiro para criar condições para que os doentes dos Cuidados Continuados sejam tratados das suas "febres e descompensações" na própria instituição, sem necessidade de envio às urgências.
- Faltou dinheiro para manter os centros de Saúde abertos em horário alargado e para prosseguir a Reforma dos Cuidados de Saúde Primários.
- Faltou dinheiro para fazer obras em serviços de Urgência claramente subdimensionados para a população que deviam servir.
- Faltou dinheiro para não cortar ou reforçar os apoios sociais e domiciliários à nossa população idosa e carenciada, que vive quase sempre sozinha e sofre muito frio no Inverno, adoecendo com mais facilidade e mais gravemente. Portugal tem o coeficiente mais elevado de desigualdade de distribuição de rendimentos na Europa!
- Faltou dinheiro para planear adequadamente o inverno, etc., etc.
E quanto aos médicos? (ler próximo artigo).
Bastonário da Ordem dos Médicos