Está fora de controlo a vontade partidária de entrar em casa dos cidadãos e acabar com a reserva por que muitos lutaram e sofreram.
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É preocupante este assalto organizado e estimulado pelo Estado à nossa privacidade, ainda que não surpreenda a intenção do PS, presumo que secundada pelo PCP e BE, e, por omissão, pelo PSD, em obrigar os bancos a comunicar ao Fisco informação sobre as contas bancárias. A Esquerda sempre venerou a cobrança de impostos e a Direita, esta Direita, preza bastante o esbulho fiscal.
Mas mesmo que seja para contas com mais de 50 mil euros (como se fosse uma grande fortuna), não deixa de ser chocante este desprezo, da política e de quem devia representar dignamente as instituições democráticas, por este direito básico: a privacidade do nosso dinheiro, que deve ser inviolável e defendida sempre, a menos que haja demonstrados indícios de crime. A ideia de que, por princípio, somos todos suspeitos devia envergonhá-los, por ser uma inaceitável inversão.
Reparem, já nem na doença há respeito pelo sigilo. O Governo quer também criar uma base de dados dos doentes oncológicos, que os põe à mercê de seguradoras, bancos e entidades patronais. O JN fez o que devia, dando voz forte aos corretos avisos da Comissão Nacional da Proteção de Dados, em ambos os casos.
Não tarda, seremos obrigados a entregar ao Estado o salário primeiro e ficar com o que sobra depois, mediante devida apresentação de papéis e formulários.
JORNALISTA