A S. vive para ajudar pequenas crianças a transformarem-se em homens e mulheres bons. E, em poucos minutos, desmonta muitos dos casos de hiperatividade. Falta-lhes espaço, rua para correr, garante. No meu tempo, tinha o Farrobo para correr de ponta a ponta, vezes sem conta e, de tanto correr, o sono chegava de rompante. Nem sempre as famílias conseguem, a gestão de carreiras não é igual, os horários, os tempos de vida que se aceleraram num contrarrelógio constante, mas quanto mais monte para calcar, mais mundo para explorar, menos diagnósticos desses se fazem, explica. Até porque a sociedade deixou de se baixar ao nível das crianças e espera delas um comportamento idêntico ao de um adulto, sem birras e grandes alaridos. Temos de lhes garantir o tempo de se sentirem super-heróis, com mais ou menos galos e arranhões. Com mais liberdade, porque as redomas não deixam medrar as plantas.
*Jornalista

