Por estes dias há dez famílias inquietas. Pais e mães que gerem o melhor possível os nervos dos seus pequenos filhos. Há preparativos, passaportes para tratar, roupinhas para a neve, bolsas de higiene, pijamas quentinhos e o estojo dos medicamentos. São dez meninos e meninas que dormem mal há alguns dias, o que os faz muito felizes. A eles, e aos pais que, por uma vez, veem os seus meninos não dormir por bons motivos e não por terem dores que os acordam, que os sobressaltam e amedrontam. Alguns daqueles meninos podem não ter muito tempo, alguns podem até estar a viver o seu último Natal, mas não escondem a felicidade e os pais dificilmente encontrarão as palavras certas para agradecer à Terra dos Sonhos, uma associação que realiza desejos a crianças muito doentes. Dentro de uns dias, os miúdos embarcarão numa viagem sem os pais. Durante uma semana, os seus querubins serão passageiros num avião que os levará ao país do Pai Natal, o verdadeiro, o que está na Lapónia atarefado mais os seus trenós e renas e duendes e huskies e embrulhos e fadas e sonhos... muitos sonhos numa aventura com meninos e meninas com cancro, com quimioterapias e radioterapias, com dores em permanência, mas com esperança de o encontrarem, de o abraçarem e talvez de lhe pedirem para descansarem sem dores, sem pesadelos, só com bons pensamentos, sonhos bonitos e prendas todos os anos, agora e sempre, agora e quando forem velhinhos, quando tiverem netos e os sentarem no colo para lhes dizer ao ouvido que um dia conheceram o Pai Natal, o verdadeiro.
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