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A situação a que chegou a economia portuguesa, "explosiva" segundo a expressão de Cavaco Silva, tem pelo menos a vantagem de obrigar à tomada de medidas urgentes. E as opções são hoje claras para os decisores políticos: persistir no ciclo vicioso que nos trouxe até este pântano ou fazer exactamente o contrário... e talvez assim acertem.
Em Portugal, são já 600 mil os desempregados, 200 mil dos quais nem sequer dispõem do respectivo subsídio, estando assim à mercê da caridade de familiares e instituições. As finanças públicas atingiram um nível de quase bancarrota, fazendo já perigar, a prazo, os salários da Função Pública e as próprias prestações sociais. Mas, enquanto isto, o Governo insiste em desbaratar a economia portuguesa no TGV, subsidia bancos e perdoa dívidas às construtoras.
A mudança de rumo é possível. Talvez difícil, mas, apesar de tudo, pode até ser popular. A primeira das medidas passa por uma baixa radical dos impostos, em particular o IRC e IRS, que tanto penalizam empresas e particulares. Desta forma, aliviar-se-ia a vida das empresas que, com mais recursos, criariam mais emprego. A actividade empresarial tornar-se-ia atractiva para nacionais e para o investimento directo estrangeiro. Mas também a redução do IRS significaria um aumento real de salários. Além de que induziria procura na economia.
Em simultâneo, urge promover (finalmente!) uma drástica e imediata diminuição das despesas do Estado, eliminando entidades supérfluas, institutos inúteis e fundações fantasma. Transferindo funcionários do sector público para a actividade privada. Mas também suprimindo prestações sociais injustas como o rendimento social de inserção ou até a acumulação de reformas, que se generalizou.
É verdade: há ainda uma terceira alternativa que é esperar por um milagre, confiando em soluções vindas dos actuais actores políticos. Parece ser esta, estranhamente, a fé do presidente.