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Portugal deixou de ser o país de exceção. O populismo é, hoje, uma ameaça real. Depois de se ter desenvolvido com grande expressão noutros países, chegou a nossa vez. E precisamos, desde já, de combater o ódio, o preconceito e a divisão por ele fomentado.
O discurso mediático e a performance política não devem ter caráter discriminatório. Um responsável político não deve ser segregador nem demagogo. Há responsabilidade moral, não devemos esquecer.
As vagas sucessivas, e cada vez mais frequentes, de migrantes e pessoas refugiadas carecem de políticas públicas estruturadas, ao invés dos imediatismos. O nosso país vive um inverno demográfico e precisamos, de facto, de pessoas. Os números apontados para os próximos anos são avassaladores.
No desenrolar do desenho das políticas de acolhimento e integração, temos de estar atentos ao crescimento de discursos políticos que priorizam a xenofobia e o combate à migração. Os responsáveis têm de gerir, de forma cuidadosa, a retórica, as ideias e os sentimentos negativos que alimentam os discursos nacionalistas. Portugal precisa de consensos profundos face à matéria, que permitam a criação e a definição de políticas públicas migratórias, de captação de talento e de integração dos imigrantes.
Vamos fechar portas aos discursos populistas, sejam eles de partidos mais à direita ou mais à esquerda, que, sem qualquer controlo, ameaçam a democracia liberal e revertem a pluralidade e a tolerância dos diferentes grupos das sociedades europeias.
* Presidente da Federação Académica do Porto