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Acontecem pelo equinócio e solstício e têm ligação com "picos" produtivos da Natureza. Equinócio, rebentar da primavera, embora os climas andem um pouco confusos, sinal de nova vida e festejos populares correspondentes. Assinalo dois factos recentes e de grande participação popular: "Mercado à Moda Antiga" que ocorreu em Oliveira de Azeméis no fim de semana, terra natal do cronista e que ainda tem velhas memórias de muitas das atividades revividas; e "Senhor de Matosinhos", que para além da monumental igreja nazzoniana e que tem uma réplica no triângulo Mineiro Brasileiro em Congonhas do Campo, de autoria do "Aleijadinho", é uma festa popular notável e que antecede em muito do cenário comercial o S. João do Porto.
Para além do referido, este espírito de "Festa Popular" tem a ver com ligações produtivas de ruralidade e desejo/necessidade de preencher o quotidiano híbrido da nossa urbanidade. O Porto é uma "Cidade de Freguesias" como diz Hélder Pacheco e as aglutinações impostas de fora não mudaram o contexto histórico e urbano do desenvolvimento da cidade, que nasceu dos morros da Sé e Vitória para fora da Muralha, Santo Ildefonso e Cedofeita bem diferentes de Massarelos e Miragaia, Bonfim e Paranhos que continuam a festejar as suas festas de reminiscências rurais.
Para dizer que a ruralidade é hoje procurada por quem tem possibilidades e se cansou da aridez urbana e a Cidade aproveita datas simbólicas para a assinalar, precisamente nestes festejos de homenagem à Natureza. Verdadeiro "motor do mundo", a Natureza regista estes factos festivos mas não esquece os maus tratos que o Homem lhe causa e dá "alertas" que não devem ser ignorados, sob risco de as "Festas Populares" se revoltarem contra quem manda, a inconsciência, insensatez e ganância dirigente.
* Arquiteto e professor