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Muito se há-de escrever sobre estes tempos nos livros de história e de histórias políticas daqui a uns anos. E se, há cerca de 30 anos, a palavra fetiche da comunicação social era "tabu", devido ao segredo mantido sobre futuro politico de Cavaco Silva, para sublinhar a cacofonia mediátia atual, os historiadores do futuro terão de dar o mesmo estatuto à palavra "dissolução". Ainda sou do tempo em que havia uma certa parcimónia em falar da possibilidade de o presidente usar a "bomba atómica", mas nestes tempos extremados, parece que há alguém a querer inserir à força a ideia da queda do Governo na cabeça dos portugueses, sem perceber a gravidade de um ato destes sem uma base sólida que o justifique. E por muito que custe a alguns comentadores, discordar do primeiro-ministro ou considerar que é incompetente não é motivo para fazer implodir o Parlamento.
*Jornalista