A Sara, que conheci vagamente e não vejo há pelo menos uma década, tem duas filhas, gosta de fazer bolos e de exibir, as meninas e os bolos, no Facebook. Mal conheço o João e sei como se chamam os seus filhos, um menino e uma menina, que gostam de mar e de surf .
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A Joana é mãe de dois e sabemos todos quando vão para a praia ou vão passear. Um dia, cruzei-me brevemente com a Paula, mas não seria difícil identificar agora as suas crianças. Publica muitas vezes fotos da família, que permanecem, para sempre, num feed de memória e expansão infinitas. Qualquer amigo de um amigo da Paula, da Sara, do João e da Joana pode descarregar, guardar e partilhar as imagens dos meninos noutro local bem mais perigoso.
Os nomes são falsos, mas as histórias são verdadeiras. Eles, como muitos outros, não têm reservas em mostrar a cara dos filhos e em atirá-los para o turbilhão digital, que ninguém (ninguém!) controla. Nem os pais, nem muito menos os miúdos, que bem antes de saberem de si, já toda a gente sabe quem são - uma injustiça que um dia pagarão.
Perdoem-me, estimados amigas, amigos e (des)conhecidos: mas que raio andam vocês a fazer às vossas crianças?
*Jornalista