De um lado, o mal-estar entre os médicos, representados pela sua Ordem, e o primeiro-ministro. Não foi bonito o que disse António Costa. Ficava-lhe bem um pedido de desculpas público. Mas confesso que me causa um desconforto ainda maior viver um tempo em que qualquer protagonista político tem de ser permanentemente um ator, exímio a medir palavras. À força de tudo expor arriscamo-nos a tudo esconder.
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O resultado foi, pelo que pude perceber, um cachimbo da paz forçado. Porque provavelmente nunca houve guerra. Fica-me a esperança de não vir a saber o que se disse e combinou na alegada conversa de três horas. Confio que tenham ambos procurado condições para melhor proteger e cuidar todos os portugueses.
Do outro lado, chegou-me pelo Whatsapp uma violentíssima mensagem que terá sido publicada por Fernando Nobre. Diz o presidente da AMI que se sente ""sequestrado", revoltado e inconformado". Que temos de conseguir parar a loucura em curso com o último coronavírus, "sustentada por uma desinformação e manipulação gigantescas desde há muitos meses, assim como o silenciamento (medo, acomodação, subornos e/ou conflitos de interesse insanáveis) a todos os níveis de classes profissionais (...)".
"(...) que pretende justificar-se com uma pseudobase "médica" e "científica", engendrada por loucos psicopatas, doentes, com uma ganância desenfreada (...)".
Que recusa "desde já a dita vacina contra esse vírus muito mutante, como o vírus da gripe ou ainda mais, porque inútil e potencialmente muito perigosa/perniciosa e porque recuso ser chipado, sem ter consentido..., ou vigiado por qualquer aplicação telemóvel ou antena 5G!".
Que, se for necessário, ficará, "por opção (ou não) em prisão domiciliária o tempo que for necessário, mesmo que sejam anos (...) para defender os meus deveres enquanto médico e docente universitário de medicina há décadas".
De ambos os lados, um incómodo persistente e difícil de explicar!
*Analista financeira