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Tiremos da equação a ideologia, a estratégia (ou a ausência de uma), o passado do partido (o longínquo e o recente) e atentemos nisto: não deve haver líder político que tenha colecionado tantos inimigos íntimos em tão pouco tempo como Rui Rio. Quem está a mais? Ele ou o partido? Rio parece fazer gáudio dessa capacidade (inata?) de irritar aqueles que era suposto agrupar no regaço. Mas Rio é assim, trôpego na genuinidade, estridente nas obsessões, a eito nos modos. Só quem não se lembra dele enquanto autarca do Porto pode ficar de queixo em banda. Nos Aliados, foi crescendo, renovando o poder, até ao patamar do absoluto. Mesmo após uma guerra inaudita contra um dragão musculado chamado F. C. Porto. Rio, o agora assumido benfiquista, não quis ser como os demais. Não quer. Daí a dúvida: ao provocar tanta acidez interna, não estará também a aumentar o capital externo junto dos que já não creem em nada e suspiram por alguém fora da caixa? Embora, como é sabido, Rio tenha nascido e crescido na caixa. A verdade é que ninguém sabe para onde corre este Rio. Saberá ele?
*JORNALISTA