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Ontem ficamos a saber que muitas das notícias divulgadas durante e após o apagão de 28 de abril foram falsas ou baseadas em informações falsas. Mesmo sabendo que em Portugal foram difundidas menos notícias com base em informações erradas do que em Espanha, o número é suficientemente elevado para nos deixar a todos preocupados a dois níveis: por um lado, como muitos órgãos de comunicação se deixaram enganar e, por outro, como tantos ajudaram a divulgar essas informações sem se questionarem perante explicações tão diversas e contraditórias.Vale a pena insistir na preocupação que estes dados nos devem transmitir. Significa que um dos problemas mais graves que enfrentamos enquanto cidadãos é, de facto, a existência de notícias falsas e a forma ultrarrápida como essa informação se dissemina. Esse é um dos combates que devemos assumir enquanto cidadãos, mas também uma das grandes falhas enquanto sociedade.Apesar dos inúmeros alertas, temos sido incapazes de travar a progressão desse tipo de informação, sobretudo porque não temos seguido o caminho correto para transmitir e criar no nosso sistema de educação, seja a nível escolar seja ao nível familiar, uma capacidade crítica que forme cidadãos capazes de saberem e escolherem ser bem informados. Conseguimos nas últimas décadas, por exemplo, desenvolver e alcançar uma excelente formação de técnicos – veja-se as áreas da engenharia – mas não estamos a ser capazes de formar, pelo menos na quantidade e com a rapidez suficiente, pessoas que componham uma sociedade informada, pouco permeável a teorias e ideias sem fundamento.