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A atuação policial que descambou nos protestos que se sentem em França resulta de um erro grosseiro de atuação, que todos os profissionais de polícia lamentam e condenam.
Mas, atribuir os graves tumultos que têm assolado diferentes cidades francesas a este episódio será, no mínimo, redutor e cede ao populismo da crítica fácil que tem granjeado muitos adeptos quando se trata de julgar as forças de segurança.
As questões são muito mais profundas e a relação tensa entre polícias (representantes por excelência do Estado) e as comunidades segregadas (independente de origem, raça ou etnia) são expressão de um sentimento de abandono, falta de oportunidades e integração, que encontram raízes no plano social.
Porém, é sempre no fim de linha que as tensões são visíveis. Seja em Lyon, Marselha ou Paris ou, também por cá, na Amadora, Setúbal ou…no Bairro da Jamaica.
Senão, como explicar que a sociedade civil anónima, enquanto grupos de criminosos organizados atacavam propriedade privada, lançando um rasto de destruição generalizada, se tenha organizado para angariar mais de um milhão de euros para apoiar o polícia agora em prisão preventiva?
Ou, como explicar um ataque generalizado aos órgãos de Comunicação Social?
Lá, aqui, ali ou acolá, urge uma reflexão profunda sobre a integração das diferentes comunidades, possuidoras de hábitos e culturas diferentes. Não será escondendo, ou empurrando para as periferias das cidades que o problema será resolvido. E escondido só será por um tempo.
Lá, aqui, ali ou acolá, o poder político tem-se demitido de decidir, empurrando o problema para as Forças de Segurança, com quem depois todos são implacáveis em julgamentos sumários.