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Em "Fire and Fury", já tínhamos ficado a saber que, no remanso marital de Donald e Melania Trump, quando chegava a horinha, era cada um no seu quarto. Ela, imaginamos, a encharcar-se de antidepressivos e a ler os epitáfios políticos ao marido traçados pelo "The New York Times" (NYT), iPhone numa mão, copo de vinho francês na outra; ele, de acordo com a descrição do livro-bomba de Michael Wolff, a empanturrar-se de hambúrgueres e muito provavelmente a ver wrestling ou, bem pior, o "America"s next top model". Quando olho para Melania não consigo deixar de ver uma prisioneira bem vestida. Há ali muito de síndrome de Estocolmo. Ao fim de tanto tempo, já desenvolveu uma doentia ligação com o sequestrador. Que por acaso é o homem mais poderoso do globo (se descontarmos obviamente o facto de Vladimir Putin ser o homem mais poderoso a manobrar o homem mais poderoso). Ora, de acordo com o NYT, na mais recente viagem do casal Trump ao estrangeiro, o televisor de Melania a bordo do Air Force One estava sintonizado na CNN, um dos ódios de estimação de Donald. O homem de tez alaranjada ficou verde de raiva e deu instruções ao staff para mudarem para a Fox News. Mentira, garantiu a porta-voz de Melania. A primeira-dama vê "qualquer canal que queira". E pronto, podemos tentar, mas só alguns entenderão a complexidade da atual geopolítica.
*JORNALISTA