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No trânsito, um choque frontal nunca é uma coisa boa e, com frequência, tem consequências trágicas. Na meteorologia, uma superfície frontal, mesmo que poucos saibam efetivamente o que é, leva-nos a pensar, muitas vezes, em mau tempo. Por isso, não percebo porque razão, nas relações humanas, a frontalidade absoluta é vista como uma qualidade. Normalmente, quem se orgulha de ser “muito frontal" e de “dizer tudo na cara” é só alguém inconveniente e malcriado. É uma forma de egoísmo que ignora o interlocutor, impondo-se pela presunção de que tudo o que se diz é uma verdade inquestionável. Por alguma razão o povo, na sua sabedoria, fala em “dizer tudo como os malucos”. Bem sei que a chalupice está em voga, mas de vez em quando era bom que a normalidade não fosse algo tão raro.