Milhares de alunos começam a definir o seu futuro a partir de amanhã, com a abertura das candidaturas ao Ensino Superior. Depois de se ter atingido o número de estudantes inscritos mais elevado de sempre (416 652), é de esperar que o valor possa voltar a ser superado, na sequência do aumento de vagas. O país está mais qualificado e com as gerações mais bem preparadas de sempre, o que é por si só uma boa notícia.
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Investir em educação só faz sentido (e é de um duro investimento e sacrifício que se trata para milhares de famílias) se houver confiança de que um curso não é uma mera conquista burocrática. Deve traduzir-se em maior potencial de intervenção e criatividade, o que nem sempre é verdade num modelo económico que assenta muito pouco na inovação e competitividade. E deve permitir aceder a melhores salários e a empregos adequados às qualificações, o que está longe de ser verdade mesmo num período de diminuição das taxas de desemprego como o que vivemos.
Ao contrário do que acontece para a generalidade dos trabalhadores, entre os jovens o desemprego permanece extremamente elevado - perigosamente próximo dos 20%. E o Estado tem dado, apesar dos apelos do primeiro-ministro relativamente a aumentos salariais no setor privado, poucos exemplos de revisão e valorização de carreiras superiores em áreas-chave da atividade pública.
Sem mudanças de fundo no país que somos, muitos dos jovens que todos os anos enchem as salas das universidades continuarão a fugir para o estrangeiro. E esse é o nosso maior drama: não dar horizontes de esperança aos melhores. António Costa bem pode habilmente esvaziar a oposição, liderar de forma absoluta e confiante um Governo agastado, gerir com a experiência que todos lhe reconhecem a coreografia política da busca de consensos para os grandes temas nacionais. Tudo isso será inútil se não conseguir construir um país de mais oportunidades, de novos modelos de crescimento, de valorização e fixação de talento. É de futuro que precisamos.