Olhar o terceiro trimestre é complexo. Traz tudo de novo, e não parece. E para quem regressa com as mazelas do ensino digital, e vê este tempo como realidade nunca experimentada, tudo parecerá mais confuso.
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Os meses futuros não serão normais. Terão de se refazer as teias das relações humanas, as sequências de aprendizagens, a coerência de ritmos e metodologias, e reconstruir a consistência das rotinas. E alçar a alma. Não é fácil reerguer tudo de repente. Mas três olhares críticos podem ser a base sólida para o conseguir: olhar, atentamente, o que ocorreu de relevante, olhar o possível no futuro próximo, e olhar o que há para cumprir na educação e formação. Difícil? Sim, mas desafiante. Pois é preciso saber olhar. Olhar como os alunos chegam e perceber a intensidade educativa viável, ao longo do período. Investir no reforço da confiança em si próprios: ela foi abalada, e eles necessitam interiorizar, que a capacidade de ir mais além é maior do que as suas perdas recentes. E olhar, com eles, os melhores meios, instrumentos e processos, pois as sugestões deles são, agora, mais-valias onde investir, para garantir êxito ao que se vai fazer. A planificação e o controlo terão de ser à medida. E monitorizar será imprescindível. Logo o grupo, a turma: porque a interação e cooperação ganharam importância. Muito mais cada aluno: corrigir, superar, orientar serão tarefas intensas. Mais, ainda, as fragilidades: a desilusão de aprender, o desinteresse, a descrença em si, a superficialidade de cumprir têm de ser contidas e revertidas, para garantir qualidade ao aprender. Conciliar tudo isto com programas, tempos, circunstâncias reais será tarefa docente única. Mas os docentes já advertiram que será um tempo profissional ímpar. É nele que teremos de ganhar o presente ano letivo.
*Professor de História no Colégio D. Diogo de Sousa, Braga