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Elogiamos pouco. Somos rápidos no gatilho para insultar, mas na hora de dizer bem parece que temos medo de ser tomados por lamechas ou lambe-botas. Os elogios são ditos baixinho. Para injuriar, aí sim, quanto mais sonoros formos melhor. Mas quão mal têm de estar com a vida as pessoas que, perante a morte de um miúdo de 17 anos no Douro, escreveram: “É menos um a saltar”; “É a seleção natural a cumprir a sua missão! Este era um palerma brasileiro”; “Menos um índio macaco lá dos bairros da droga”. É gente que se deu ao trabalho de “ler” a notícia, abrir a caixa de comentários e escrever alarvidades com bonequinhos sorridentes. Dadas as evidentes dificuldades cognitivas, admito ter havido um enorme esforço para articular as sílabas, mas não me parece merecedor de elogio, por muito baixinho que fosse dito.