Não consegui encontrar o discurso escrito que o líder do PSD fez na Festa do Pontal e não consigo ter paciência para ouvir um discurso, este ou qualquer outro, que dure 50 minutos.
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Posso, por isso, fazer uma apreciação superficial daquilo que li relatado do dito discurso. Discurso importante porque, ao ser o primeiro da rentrée política poderia ter deixado questões importantes no ar.
Ao invés, deixou um novo termo - geringonçar - com o qual simpatizo porque é expressivo quanto ao significado mas que, infelizmente, não se aplica apenas à solução governativa com que, por estes dias, contamos.
Aplica-se igualmente à Oposição protagonizada por Pedro Passos Coelho cativa do pessimismo e resistente a quaisquer reformas.
O que está a acontecer em Portugal é bom. O Governo tem razão. Mas não chega. Passos Coelho tem razão.
Só que enquanto o Governo tem a tarefa facilitada porque todos sentimos o desafogo conjuntural que nos bafeja, Passos Coelho tem de se esforçar para passar a mensagem do perigo que não deixa de nos rondar.
Porque insiste nas reformas estruturais que ninguém sabe como fazer, considerando a nossa dívida, os níveis médios de rendimentos baixíssimos de que dispomos, a idade média dos nossos funcionários públicos, ou a impossibilidade absoluta de mingar radicalmente o nosso Estado social?
Porque insiste no fantasma da coletivização /estatização, quando sabe que o PCP e o BE não têm, de fato, força para fazer impugnar os progressos constitucionais desde logo porque Marcelo Rebelo de Sousa nunca o permitirá (e António Costa nunca o desejará)?
Porque levantou, de forma tão desagradável, o problema da insegurança potencial que nos trazem os imigrados, quando toda a gente sabe que bem ou mal está cá quem quer, desde logo porque o SEF paralisa todos os processos de legalização em que toca?
Porque é que não tentou uma mensagem simples e convincente ao redor dos nossos reais problemas que a costumeira propaganda de quem está no poder subvaloriza?
Por exemplo, as condições dos que trabalham no famoso setor do turismo; as opções que se cozinham para o Orçamento do Estado ou a visão do PSD para os novos desafios do poder local.
Assim, geringonça por geringonça, os portugueses tendem para os mais bem-dispostos.