Os ODS - Objetivos de Desenvolvimento Sustentável - foram criados pelas Nações Unidas em 2015, visando criar um referencial global para um modelo de desenvolvimento sustentável até 2030, cobrindo um vasto leque de áreas e objetivos comuns.
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Na sua base está a ideia de que mais do que trabalhar a concretização de metas avulsas, que muitas vezes acarretam trade-offs e a necessidade de fazer escolhas, é possível promover a conciliação de diferentes prioridades, através de um modelo de gestão holística, que a todos deve mobilizar.
Na verdade, pese embora estejamos a falar de indicadores definidos à escala global, há estudos da OCDE que demonstram que mais de 60% dos ODS só poderão ser atingidos com um forte envolvimento das autoridades locais e regionais.
Nos 17 objetivos desta agenda global, estão matérias tão diversas quanto a erradicação da pobreza e da fome; a promoção do acesso a educação e saúde de qualidade; o fomento da ação climática e da sustentabilidade das cidades; o crescimento económico; a garantia da paz e da justiça; ou a promoção de novos modelos de governança, entre vários outros.
Ora, qualquer destas metas globais e dos diversos indicadores que as materializam e permitem a sua monitorização têm um impacto claro na vida de todas as comunidades, independentemente do seu nível de desenvolvimento ou do seu contexto geográfico, o que mais deve justificar o recurso a este referencial.
A cerca de sete anos do horizonte definido para os ODS, é fácil perceber que poucos são os territórios que se encontram alinhados com um percurso que vá garantir o alcance das metas definidas, situação esta agravada pela pandemia, pela guerra na Ucrânia e pelas diferentes crises (energética, económica, financeira, climática...) com que nos confrontamos à escala global.
Mas, mais do que uma justificação para esmorecer, este é um momento em que mais pertinente se torna a valorização desta ferramenta, o que requer o envolvimento de todas as contrapartes.
Em Braga, há já vários anos que utilizamos este referencial como um pilar fulcral do modelo de desenvolvimento do nosso território. Na elaboração do nosso Plano de Sustentabilidade, na avaliação do nosso Relatório Anual de Sustentabilidade (em parceria com o CESOP-Local da Universidade Católica) ou na incorporação dos ODS no modelo orçamental da Autarquia, demonstramos como casar os ODS com a própria gestão municipal.
Mas, sobretudo, na capacidade de envolver em cada política e iniciativa cidadãos e instituições, em torno de um desenvolvimento mais sustentável e de uma maior qualidade de vida.
Presidente da Câmara de Braga