A crise chega a todos, mesmo a um dos maiores bancos de investimento do Mundo: os banqueiros do Goldman Sachs, certamente habituados a lagosta, tiveram de conformar-se com cherne.
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Têm a minha solidariedade, até porque, como não se conhece percurso de Durão na banca, nos seguros, na bolsa ou em qualquer setor que esteja remotamente ligado à atividade financeira de topo, não será fácil explicar-lhe como funcionam aqueles complexos produtos financeiros, com que a alta finança ganhou ainda mais milhões de euros do que as milhões vidas que enganou ou destroçou. Por outro lado, dado que Barroso atingiu "o topo da carreira empresarial", como explicou Marcelo, é improvável que repita o que fez quando era primeiro-ministro de Portugal: abandonar o país e o cargo a meio do mandato para ir para um emprego melhor. Mas ainda assim, nem na Goldman Sachs podem estar descansados. Se António Guterres falhar a nomeação para secretário-geral das Nações Unidas, é bem possível que Durão Barroso ainda consiga manobrar nos bastidores para ser ele o eleito.
Mas enfim, já se sabe como é. Tudo o que seduz é Goldman Sachs. E Durão, castigado com uma reforma da Comissão Europeia de apenas 120 mil euros por ano, tem contas para pagar. Perdeu o prestígio de um estadista, mas ganhou uns bons euros. Nós - e ele - a pensarmos que Barroso é especial, mas afinal não passa de um homem normal. Quanto mais dinheiro, melhor.
* JORNALISTA