Rui Rio perguntou porque é que a Google vai para Lisboa. E Rui Rio tem toda a razão em fazer a pergunta.
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A Google é uma gigantesca empresa global que domina o novo modelo de negócio para a comunicação. Um modelo construído a partir de um algoritmo que encaminha o cliente para o conteúdo a partir do qual a empresa é remunerada. Como ficam os autores originais desses conteúdos e que consciência têm os utilizadores do condicionamento a que estão sujeitos são as duas grandes questões que se colocam.
Conseguir que tenha presença em Portugal é interessante porque nos aproxima de um dos maiores protagonistas do Mundo contemporâneo. Ainda que o formato do que aqui se instale esteja muito distante dos núcleos de desenvolvimento (apenas três) que verdadeiramente ditam a evolução da empresa.
Dito isto, para a Google e para todo o tipo de investimento estrangeiro que se instale em Portugal, é fundamental que qualquer Governo, quando tenha interferência, perceba que deve prestar contas aos cidadãos. O anúncio isolado e opaco sobre este tipo de investimento é paternalista e pouco democrático. Quando se trata de grandes marcas globais o contentamento automático que se espera do povo é mesmo saloio.
Voltando ao princípio, sim, Rui Rio tem razão em perguntar porquê Lisboa? Porque é que tanta conversa volvida sobre a importância da desconcentração, qualificação e povoamento do interior, se insiste em não promover uma saudável competição entre as várias cidades que poderiam albergar um investimento desta natureza. Ou alguém tem dúvidas que marcas como a Google serão mesmo das poucas que atrairiam sem dificuldade 500 ou 600 engenheiros para fora de Lisboa ou do Porto?
Não há estradas? Há. Não há fibra ótica? Há ou tem de haver. Não há alojamento? Há ou estimula-se. Não há escolas? Há. Não há hospitais? Há. Não há Oeiras Parques? Há equipamentos muito parecidos.
Aliás todo este tipo de infraestruturas e equipamentos foram feitos e cofinanciados a partir de um discurso de apoio ao desenvolvimento equilibrado do território...
Já imaginaram o impacto de um investimento destes em cidades como Bragança, Vila Real, Viseu, Coimbra?
Sim, a Google pode não querer. Mas alguém perguntou?
Alguém tem dúvidas que marcas como a Google serão mesmo das poucas que atrairiam sem dificuldade 500 ou 600 engenheiros para fora de Lisboa ou do Porto?
* ANALISTA FINANCEIRA