Governantes de Portugal...
Ah, caros governantes de Portugal, como é reconfortante saber que os senhores e as senhoras estão no leme, guiando nossa nação com mão firme e dedicação absoluta ao bem-estar de todos.
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E como nos orgulhamos de pagar os vossos salários e regalias, certos de que cada centavo é aplicado com sabedoria e responsabilidade, enquanto vossas excelências medem egos, e não o sucesso do nosso país.
Porque, afinal, quem precisa de políticos preocupados com o progresso, a educação e a saúde do povo? Certamente não nós, os humildes cidadãos de Portugal, que preferimos assistir à gloriosa competição de vaidades, à disputa pela coroa de mais bonito ou teimoso.
Ah, como é inspirador ver vossas excelências focadas no que realmente importa, como um estudante que abandona os livros para se perder em redes sociais.
E quanto à extrema-direita, que ameaça engolir o país vivo? Ah, deixem-nos comer. Afinal, o que é a democracia senão um jogo de fome e medo, no qual os fortes e astutos devoram os fracos e ingénuos? Deixem que a destruição arrase o nosso país e o transforme num deserto de intolerância e ódio, pois a luta pelo poder é mais importante do que a construção de um futuro melhor. Pode ser que um dia, quando já não restar pedra sobre pedra, alguém se lembre de perguntar como chegamos a este ponto. E talvez nesse momento, os sábios e perspicazes governantes que nos trouxeram até aqui possam erguer a cabeça, orgulhosos de seu legado, e responder com uma só voz: "Foi porque nos pagaram para governar, e governamos. Governamos os nossos egos, a nossa vaidade, e deixamos que o país desmoronasse à nossa volta".
Então, caros governantes, continuem assim. Sigam medindo os vossos egos e disputando quem é o mais bonito ou teimoso, pois certamente é isso que o povo de Portugal espera e deseja. E quando chegar o dia em que os Chegas vos tenham deglutido, lembrem-se de que foram vocês que o permitiram, e celebrem o triunfo das vossas pequenas e irrelevantes vitórias pessoais com pesar.
*Presidente da Associação Portugal Brasil 200 anos