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O Governo liderado por António Costa insistiu na nacionalização da TAP e os portugueses assistem, agora, a uma corrida contra o tempo para a sua venda, total ou parcial. A alemã Lufthansa parece ser a solução para a compra de cerca de um quinto do capital, até porque o seu presidente veio ontem a Lisboa para conversar com os ministros das Infraestruturas e das Finanças. Este jogo político em torno da solução ideal para a companhia aérea é quase tão longo quanto as infindáveis localizações que foram sendo apontadas nos últimos 50 anos para o novo aeroporto de Lisboa.
Não deixa de ser curioso que as companhias aéreas que são total ou maioritariamente do Estado e que apresentam bons índices de sucesso não são propriamente europeias, até porque aqui as regras da concorrência impedem ajudas do Estado abusivas e prolongadas. O mercado é que manda. Exemplos não faltam: Emirates (Emirados Árabes Unidos), Qatar Airways (Catar), Ethiopian Airlines (Etiópia) e Turkish Airlines (Turquia). Claro que, dentro do espaço da União Europeia, há exemplos como o da Air France-KLM (França e Holanda). Embora seja privada, os governos francês e holandês têm participações significativas. A fusão otimizou as operações e consolidou a empresa financeiramente.
A questão da nacionalização da TAP pode ter sido ideológica, mas o novo cenário de uma reprivatização será mais por necessidade de reequilíbrio financeiro do Estado. A discussão do Orçamento para 2025 obrigará, uma vez mais, a concessões do Governo aos partidos da Oposição. E essas cedências nunca significam aumento de receita. Antes pelo contrário.