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Representam ambas os trabalhadores, mas não é assim tão comum as duas centrais sindicais estarem de acordo em alguma coisa. Aliás, o que é habitual é a divergência. A UGT, politicamente mais próxima do PS e do PSD, alinha com regularidade em acordos patrocinados pelos governos na Concertação Social, que incluem as associações empresariais, sobretudo quando o que está em causa são atualizações salariais. A CGTP, mais à esquerda e mais combativa, com maior ligação ao PCP, está menos interessada no diálogo e raramente aceita assinar os papéis com o patronato. São duas formas diferentes de praticar o sindicalismo, ambas defensáveis e efetivas. Quer se aprecie mais a postura dialogante da primeira, a vocação combativa da segunda, ou se rejeitem ambas, o que não se pode dizer é que sindicatos e sindicalistas defendam interesses ocultos. É tudo às claras e com beneficiários evidentes.
Não é comum, dizia, que as duas centrais sindicais se alinhem da mesma forma, na mesma luta. Quando sucede, é sinal de que algo de fundamental e grave está a acontecer. A última vez que estiveram alinhadas na convocação de uma greve geral foi em junho de 2013, ou seja, quando a troika "governava" Portugal, os impostos subiam, os salários desciam e os direitos laborais desapareciam. Uma dúzia de anos depois, nenhuma das duas primeiras ameaças está em cima da mesa, por muitos impostos que se paguem e por baixos que sejam tantos salários. Mas a terceira, a redução dos direitos laborais, de acordo com UGT, a CGTP e já agora qualquer cidadão que se dê ao trabalho de ler algumas das propostas que estão em cima da mesa, está efetivamente de regresso. E, se não falta quem rejeite o próprio conceito de direito laboral, são ainda mais os que entendem que numa sociedade civilizada é essencial a regulação e a proteção do trabalho e do trabalhador. Quem assim pensa dará luta. Como se vê pela greve geral já marcada para 11 dezembro.

