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Só na última semana, a Alemanha foi alvo de quatro ataques indiscriminados sobre civis. Foi reforçada a presença policial nas ruas. Nesse momento, a França já tinha alargado o estado de emergência por mais seis meses, após a barbaridade de Nice. A Turquia está a ferro e fogo, depois de um (ou terão sido dois?) golpe de Estado e do início da caça aos "infiéis", com milhares de detenções de legalidade duvidosa. Está assim a Europa, outrora o paradigma da cidadania moderna, da paz, da urbanidade e da convivência entre povos dos mais variados credos. Um território que aparenta ser demasiado árido para quem, por exemplo, quer apenas passar uns dias descansados nas férias. Um cenário ao qual já tínhamos assistido no Magrebe das "democracias" musculadas e que nos habituámos a ver no Médio Oriente e que alastra, preocupantemente, ao coração da civilização ocidental.
Em Portugal, os tempos que correm são quase de luxo. O fluxo de turistas tem aumentado de forma sustentada e o nosso país é um dos destinos preferidos para quem queira estar em paz (sim, é mesmo de paz que se trata), e desfrutar do que de extraordinário temos: praia, campo, cidades, ilhas, património, vinho, gastronomia... No Algarve, note-se, os preços já subiram 20 por cento face a 2015, o valor mais alto dos últimos dez anos. E a nível nacional, em maio, a receita média por turista nos hotéis foi de 116 euros (mais 11,5 por cento do que no mesmo período de 2015), segundo os dados do Tourism Monitor.
Ora, é esta galinha dos ovos de ouro que temos que preservar. E, claramente, que continuar a melhorar. É fundamental que Portugal mantenha as condições para que os turistas nacionais e internacionais olhem para o nosso país como um local seguro e atrativo, quer em termos de infraestruturas - realizando os investimentos reprodutivos em lugar de privilegiar os que não acrescentam valor, quer em termos de perceção de segurança - reforçando, se e sempre que necessário, a visibilidade dos efetivos.
A verdade é que ser, como somos, um destino turístico de eleição constituiu o maior fator de sustentabilidade económica em tempos de crise, de depressão e de troika. E não é apenas no Porto, em Lisboa, no Algarve ou na Madeira que o turismo tem ajudado ao equilíbrio da balança comercial, fomentado a criação de emprego e a geração de novos negócios, contribuindo para um crescimento económico que seria seguramente negativo caso o setor não apresentasse este desempenho de excelência. Vamos continuar a fazer mais e melhor. Capacidade e potencial não nos faltam.
*EMPRESÁRIO E PRES. ASS. COMERCIAL DO PORTO