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Em Dezembro de 2008, o milionário israelita Benny Steinmetz processou a firma de notação financeira (rating) Standard and Poor's Maalot, por alegadamente esta ter penalizado "arbitrariamente" as acções do grupo TMI. Depois do grande pânico de 2007, os "guardas", isto é, as instituições de avaliação do crédito (CRA), ficaram elas mesmas sob fogo.
O mesmo acontece quando, no domínio eleitoral ou mediático, as agências de sondagens e as companhias de medição de audiências se vêem acusadas de manipulação, ou más práticas. Ou quando, no caso das auditorias, são olhados os precedentes discutíveis da análise da KPMG ao orçamento angolano, em 2000, ou das entidades que (não) fiscalizaram o BPN e o BPP, esses desastres fraudulentos que são a nossa pesada herança.
As empresas de rating mais conhecidas (S&P, A.M. Best, Baycorp, Moody's, Egan-Jones, Fitch) são crescentemente acusadas de actos contraditórios. No caso da ENRON, do "banqueiro piramidal" Madoff, da Lehman Brothers, não teriam desclassificado rapidamente companhias apodrecidas, nem agiram como verdadeiro "alerta prévio". Nas actuais notações da Europa fraca, são atacadas por haverem agido erraticamente, de forma exagerada ou draconiana, servindo de testa-de-ponte a ataques especulativos.
As agências são umas vezes apontadas como verdadeiros (e ilegais) "reguladores" públicos, e outras como servos, ou cúmplices, de gestores privados. Umas vezes critica-se-lhes a "ciência" que leva à nota, a deficiência de informação obtida, tratada e produzida, outras as consequências perversas da classificação, na economia real. E são ainda vistas como juiz e jogador, na medida em que aparecem também como empresas cotadas em bolsa, e não anjos etéreos.
De qualquer forma, numa sociedade saudável, as CRO deviam servir como órgãos independentes, não sujeitos a pressões políticas, que dissessem, com rigor, o que se passa quanto ao nosso dinheiro.
Espera-se que, como reacção às suas más práticas, e na necessidade urgente de reforma e transparência, não vamos cair no oposto: a centralização, num "Grande Irmão" noticioso, de toda a informação considerada "necessária" pelos governos do dia.
Só essa.
P.S.: O Papa deixa-nos, e o maior mistério foi a reflexão desarmante que fez sobre o estado da Igreja. A confissão genuína e livre é sempre impressionante.