Guerra dos números, paz nas escolas
Prestes a serem (re)iniciadas as negociações relativas à revisão do Estatuto da Carreira Docente (ECD), uma federação de sindicatos adianta o número de alunos que não têm todos os professores ou, no mínimo, sem professor pelo menos a uma disciplina.
A "guerra dos números" em relação ao critério que ganhou relevância nos últimos anos parece ser um ponto essencial merecedor da atenção mediática, e urge encontrar uma resposta, pois a "análise pedida pelo Instituto de Gestão Financeira da Educação diz não ser possível "apurar com exatidão o número de alunos sem aulas""Percebendo-se que a Oposição também não irá abandonar este "debate", importa que o MECI encontre instrumentos que possam efetivar uma resposta quantitativamente célere, do conhecimento geral, evitando a inflação, ou não, dos números avançados quer por alguns sindicatos, quer pela imprensa, com discrepâncias consideráveis (por excesso ou defeito) face à realidade.O arranque do ano letivo, que ocorreu na maioria das escolas na passada sexta-feira, revelou-se positivo, malgrado a insuficiência de professores em certas escolas/regiões, problema amplamente abordado em diversos fóruns e programas de opinião. As férias foram propícias à interiorização da proibição (e previsível alargamento ao 3.° Ciclo) do uso do telemóvel em contexto de escola, sendo certo que esta fará o seu papel; a sociedade estará disposta a seguir as suas pisadas?Era de evitar a chegada tardia dos mediadores linguístico-culturais às escolas. A simples recondução destes profissionais foi preterida, impondo-se a obrigatoriedade de abertura de concursos públicos, invariavelmente morosos e burocráticos. Impõe-se apostar mais: i) na Educação Especial, com colocação de professores, terapeutas e assistentes operacionais qualificados; ii) na requalificação dos mais de 500 edifícios escolares já sinalizados, avançando com o maior número de obras possível, no mais curto espaço de tempo; iii) na ampliação do número de assistentes técnicos e operacionais existente nas escolas, pela alteração da portaria de rácios.Nesta nova viagem, que dura um ano letivo, mantemos a esperança na elevada qualidade da escola pública, que acumula boas práticas, fomenta a inclusão e as aprendizagens úteis dos nossos alunos. Desejamos que o recomeço das negociações no âmbito do ECD seja marcado pela positividade e abrangência, na defesa de melhores condições de trabalho para quem dá o máximo em favor do amor que entrega diariamente a mais de 1 300 000 crianças/alunos.

